Notícia do Público de hoje, por Rui Baptista:
Processo está a ser preparado pela Associação dos Amigos da Ria, com o apoio da Região de Turismo da Rota da Luz.
O tradicional barco moliceiro vai ser objecto de uma candidatura a Património Imaterial da Humanidade, uma distinção atribuída de dois em dois anos pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). A candidatura está a ser preparada pela Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro, com o apoio da Região de Turismo da Rota da Luz. Neste contexto, as duas instituições celebram no próximo sábado, dia em que se realiza a edição anual da Regata dos Moliceiros, um protocolo de cooperação que estabelece um conjunto de medidas destinadas a reforçar a posição da laguna e da embarcação tradicional como produtos turísticos de inegável valor ecológico, ambiental, histórico e cultural."Queremos desenvolver em conjunto acções tendentes ao reconhecimento pela UNESCO da importância cultural e histórica do barco moliceiro", explica o gestor Eduardo Costa, presidente da Associação dos Amigos da Ria.
Também Pedro Silva, presidente da Região de Turismo da Rota da Luz, sublinha a importância do protocolo na candidatura do barco moliceiro. "A candidatura a património imaterial reúne todas as condições para ser bem sucedida", frisa Pedro Silva, que esteve envolvido no processo que levou à declaração pela UNESCO da zona histórica do Porto como Património Cultural da Humanidade.
O principal obstáculo aos planos da Associação e da Região de Turismo é a demora do Governo português em ratificar a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, aprovada em Outubro de 2003 pelo Conselho Executivo da UNESCO. Esta convenção surgiu para distinguir os exemplos mais notáveis de espaços culturais ou formas de expressão popular e tradicional tais como as línguas, a literatura oral, a música, a dança, os jogos, a mitologia, os rituais, costumes, artesanato, arquitectura e outras artes, bem como formas tradicionais de comunicação e informação. As proclamações de património imaterial realizam-se de dois em dois anos. A próxima ocorrerá em 2007. "Acreditamos que o Governo português vai ratificar a convenção a tempo de permitir que a nossa candidatura seja apreciada pelo júri internacional designado pela UNESCO", refere Eduardo Costa.
O presidente da associação está optimista, apesar de saber que a candidatura do barco moliceiro não vai ser a única a ser apresentada por Portugal. Em fase adiantada está já, por exemplo, a candidatura do Fado (a música e todas as expressões culturais associadas) a Património Imaterial da Humanidade. "Estou certo que a importância do barco moliceiro para o desenvolvimento cultural do notável acidente geográfico que é a ria de Aveiro vai ser reconhecida", vaticina.
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