quarta-feira, abril 29, 2009

MAIS EXPOSIÇÃO


A Exposição "BI Aveiro", prevista para acabar no dia 26 de Abril, viu o seu período de abertura ao público prolongado até 12 de Maio. De recordar que a Exposição "BI Aveiro" patente no Museu da Cidade é um reflexo da identidade de Aveiro, os documentos expressam bem essa perspectiva. Neste sentido, as peças seleccionadas prendem-se, em boa parte, com um cariz administrativo tendo subjacente a organização do território, a sua definição e valorização ao nível local e por reconhecimento de instâncias superiores. A mostra pode ser visitada de terça a domingo, das 10.00 às 12.30 horas e das 14.30 às 19.00 horas. Tem entrada livre.


segunda-feira, abril 27, 2009

OS OVOS MOLES NA IMPRENSA

O que os ovos moles tiveram de mudar para poderem ficar precisamente na mesma

Foram vários os caprichos da União Europeia que, por exemplo, roubou aos ovos moles a possibilidade de se aconchegarem em tabuleiros de madeira e os fez acamar em desconfortáveis grelhas de inox. Mas este mês chegou a hora da retribuição. As mais antigas e tradicionais doceiras, como a dona Silvininha, podem dormir descansadas, que a receita original já está protegida pela lei.

De touca a prender-lhe os cabelos, com a bata vestida e protecções de plástico nos sapatos, Maria João Santos, de 35 anos, franze os olhos num sorriso. "Deste lado a São, a encher as formas; ali, ao canto, o avô Carlos, a prensar as hóstias; e aqui a avó Quinhas, já muito velhinha, a recortar..." À medida que fala, vai apontando para diferentes lugares vazios em torno de uma mesa de tampo asséptico. Mas o que ela vê a unir todas aquelas personagens já desaparecidas é uma pesada e centenária mesa de madeira.

Dona Silvininha (que é como todos tratam Silvina da Silva Raimundo, frágil nos seus 81 anos de idade) segue com o olhar aquilo que o dedo de Maria João aponta. Detém-se na mesa - "Só para a lavar era meia hora, todos os dias, ao fim da tarde. Meia hora a esfregar, a esfregar, com sabão azul, até ficar impecável", diz. E depois cala-se.Por momentos, quedam-se ambas nesse outro tempo, as duas mulheres que à vez - uma há 27 anos e outra há meia dúzia - arregaçaram mangas para manterem viva uma das mais antigas casas de Aveiro de produção artesanal de ovos moles. Ainda travam batalhas juntas e ambas celebraram a última, ganha a 8 de Abril, quando se soube que os ovos moles se tinham tornado o primeiro doce conventual do espaço comunitário a integrar a lista de produtos agrícolas e alimentares com a denominação de "indicação geográfica protegida". Significa isto que a legislação europeia - que lhes levou as colheres de pau, os alguidares de barro vidrado e a tal mesa de madeira - pagou, finalmente, o seu tributo, passando a assegurar que não se produz aquele doce senão aqui, na região de Aveiro; e que ninguém o confecciona senão como nesta casa, da forma tradicional. Mas não é nisso que pensam agora, que se calam as duas e vêem, quando olham para a mesa de tampo asséptico, aquilo que mais ninguém vê.O silêncio é curto. Maria João dá uma gargalhada e abana a cabeça, como que a afastar a memória guardada pela garota que corre de um lado, numa brincadeira perigosa, a rasar os alguidares de água quente e as panelas de cobre onde o doce de ovos ainda borbulha, a ferver. A garota cresceu: Maria João é agora a gerente da casa. Aquele espaço, antigamente uma saleta da residência da família de Silvininha, a proprietária, tem hoje o nome de "laboratório"; e nem os filhos das empregadas (como Maria João, em menina) nem quaisquer outras crianças (como os netos de Silvininha, mais tarde) podem entrar, quanto mais correr, por entre as doceiras, que hoje trabalham escondendo as faces rosadas por trás de severas máscaras de cirurgião. Mas nem tudo mudou. Apesar do estrito cumprimento das normas de segurança e de higiene alimentar (que fizeram deitar paredes abaixo, renovar pisos, substituir tampos e queimar os enormes tabuleiros de madeira), este centro de produção artesanal está longe da imagem que associamos à palavra "laboratório". Segredo dos conventosDe alguma forma, o espaço ainda tem alguma coisa de casa de família, o que é reforçado pela localização quase secreta e aparentemente nada favorável ao único posto de venda dos doces que ali se produzem. "No centro da cidade de Aveiro, procura a Igreja de Vera Cruz, corta à esquerda e percorre toda a rua também pelo passeio esquerdo até encontrar uma porta de garagem branca", indicam. Felizmente, há uma placa discreta na parede: "Maria da Apresentação da Cruz, Herdeiros." Dona Silvininha acrescentou-lhe "casa fundada em 1882", um bocadinho ao acaso. "Até talvez seja mais antiga", diz, na saleta de entrada, a antiga garagem.A parede da direita foi demolida, para construir o balcão onde está exposta a doçaria. E o lugar antes ocupado pelo automóvel está hoje decorado com fotografias de família, que contam a história da casa que é também a história de mulheres de diferentes gerações. Rezam a História e a lenda que foi por ocasião da extinção das ordens religiosas que a receita dos ovos moles se escapou dos conventos. Talvez se tenham sentido desobrigadas de manter o segredo as senhoras que antes ajudavam as freiras a dar uso aos ovos que ali entravam com fartura, para pagamento de rendas. Quantas foram as ajudantes que nas suas casas ousaram repetir os gestos das religiosas, cozinhando o doce alaranjado e envolvendo-o, a seguir, na massa de que eram feitas as hóstias? Não se sabe ao certo, apesar do esforço de investigação feito por iniciativa da Associação dos Produtores de Ovos Moles de Aveiro, à qual cabe, também, o mérito do reconhecimento da marca pela União Europeia. Certo é que Silvina da Silva Raimundo foi um dos elos da cadeia. E que, antes dela, o foram a sua sogra, Maria da Apresentação da Cruz; e a tia desta, Odília dos Anjos Soares, que por sua vez aprendera a fazer ovos moles, conta-se, com Maria Encarnação Mourão, que em solteira trabalhou num convento e depois, por via do casamento, se tornou proprietária de uma confeitaria fina. Era para a Confeitaria Mourão, mais conhecida por "Costeira", que trabalhava Odília; e foi para a mesma casa que depois produziu a herdeira da receita e do negócio, a sua sobrinha Maria da Apresentação, que na terra era conhecida por "dona Marquinhas". Silvina anuncia que vai contar uma história triste. A do dia, há 27 anos, em que a família soube que a "Costeira", a única para onde produziam ovos moles, ia fechar. Chocada, dona Marquinhas avisou que, se tal se confirmasse, morria. E o que é certo, diz Silvina, é que a sogra não resistiu mais um mês, depois de a confeitaria encerrar. Foi entre uma coisa e outra que se deu o acontecimento improvável de Silvina, professora primária numa escola a dois passos de casa, ter prometido à sogra, que via a morrer de desgosto, que desse por onde desse havia de salvar a receita e o negócio. Uma imprudência, achou o marido de Silvininha, o senhor Carlos, que depois da morte da mãe se opôs ao cumprimento da promessa o quanto pôde, mas não o suficiente. Silvina da Silva Raimundo diz que teve a sorte a seu favor. A conceituada Maria de Lourdes Modesto já revelara, num dos seus livros, que os melhores ovos moles de Aveiro, vendidos na "Costeira", eram feitos na casa de Maria da Apresentação. E talvez isso tenha contribuído para que o encerramento da confeitaria e a morte da doceira tenham despertado o interesse da Rádio Renascença, que mandou um repórter entrevistar Silvina. Dali à RTP foi um pulo. E assim começaram a surgir os clientes - os da terra e os forasteiros - que, saudosos dos "melhores ovos moles de Aveiro", procuravam a Igreja de Vera Cruz, seguiam, atentos, pelo passeio esquerdo, e batiam, espantados, à porta da garagem, passando, finalmente, entre o automóvel e a parede, até chegar à segunda porta, a do lugar de fabrico. Peixes, búzios e conchasFoi uma luta. E dona Silvininha não quis que outros, depois dela, tivessem de travar uma também; ou que, pior do que isso, o não fizessem e a casa desaparecesse com a sua morte. Os filhos, médicos, não tinham vocação para o negócio, pelo que não asseguravam a sua continuidade. Mas Maria João, demasiado crescida para correr por entre os aventais das doceiras, mantivera-se, interessada e prestável, sempre por perto, ao longo de toda a adolescência. Começara por ajudar, apenas; depois, já adulta, por lá trabalhar, estudando ao mesmo tempo; até que, um dia, a pedido de Silvina, se entregou definitivamente à casa e à causa. A legislação trazia novas exigências e ela abandonou o curso superior de Contabilidade para se dedicar, a tempo inteiro, à mudança que era necessário fazer para que o essencial - a receita tradicional - ficasse precisamente na mesma.O seu dinamismo impressionou Silvina. Apesar do aspecto frágil, não era mulher para esperar que, no leito de morte, alguém lhe prometesse salvar o negócio; ou para arriscar que ninguém o fizesse... De maneira que, para além dos filhos e dos netos, fez suas sócias Maria João e Conceição Laranjeira, que ali entrou como empregada aos 12 anos de idade, e é hoje, aos 48, uma das mais experientes doceiras de Aveiro. São elas que, junto de dona Silvininha, acabam por baixar as máscaras que lhes tapam os rostos, como quem baixa as armas. Se hoje a cadeia de produção pode ser toda fotografada - do partir dos ovos, ao recorte dos peixes, búzios e conchas, passando pela cozedura em panela de cobre - é porque, actualmente, todos os produtores sabem que não podem dispensar a promoção dos seus doces, confessam. Porque, na verdade, diz Conceição Laranjeira, o enchimento das formas, o prensar das hóstias e o recorte dos doces costuma ser feito à tarde, por todas elas, em redor da mesa. "Como antigamente", acrescenta Maria João, que diz que "parece que os está a ver", aos velhos patrões da sua mãe, a quem chamava avós, e à velhinha Conceição, que morreu no posto de trabalho com 90 anos feitos. Calam-se as três, a sorrir. E, depois, Maria João franze os olhos e aponta: "Deste lado a São, a encher as formas; ali, ao canto, o avô Carlos, a prensar as hóstias; e aqui a avó Quinhas..."

Graça Barbosa Ribeiro

Público, 27.04.2009, suplemento P2

quarta-feira, abril 22, 2009

É OFICIAL

O Geoparque de Arouca já está classificado pela UNESCO como membro da Rede Europeia de Geoparques. Agora, estimem-no ainda mais.

terça-feira, abril 21, 2009

VIDAS COLORIDAS

Leio na Lusa que o único laboratório português de investigação experimental em Sexualidade Humana, o SexLab, instalado na Universidade de Aveiro, procura voluntários para desenvolver um estudo sobre a saúde sexual.

sexta-feira, abril 17, 2009

AS AUTARQUIAS DE TANGA

Más notícias sobre a saúde das autarquias locais, tantas vezes apontadas como exemplo de eficientes mini-governos de proximidade, que aplicam muito melhor o dinheiro dos contribuintes e os fundos que obtêm do que a administração central.

A maioria dos municípios portugueses está com falta de liquidez, não tendo dinheiro para pagar as suas dívidas. Lisboa, Porto e Gaia são as campeãs do gasto e do despesismo e ocupam os primeiros lugares da desonrosa classificação geral dos devedores, sendo as mais endividadas do país.

Dos 308 municípios existentes, 175 apresentam uma liquidez negativa de 685 milhões de euros, o que revela que são incapazes de pagar as dívidas a curto prazo, que ascendem ao impressionante montante de 2264 milhões de euros. Essas dívidas, convém dizer, são também responsáveis pelas dificuldades que inúmeros fornecedores, pequenas e médias empresas, estão a passar e já estavam a passar antes desta avassaladora crise ter começado.

Estes dados constam Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses de 2007, que nos informa que as autarquias deviam, no final desse ano, mais de 6600 milhões de euros.

Lisboa lidera a lista de municípios com mais falta de liquidez, com 266 milhões de euros, ou seja, cerca de um terço da liquidez negativa global dos municípios. O Anuário informa também que no município de Aveiro, as dívidas a pagar no curto prazo são bastantes superiores à soma das disponibilidades e das dívidas a receber.

No total, as dívidas a pagar de todos os municípios portugueses ascendiam aos 6664 milhões de euros em 2007, mais 26,6 milhões do que em 2006. Em contrapartida, o endividamento líquido global aumentou também em 2007, fixando-se nos 5866 milhões de euros. Apenas 17 municípios nacionais não tinham qualquer endividamento líquido em 2007. De acordo com o Anuário de 2007, o aumento do endividamento dos municípios fez-se sobretudo à custa da dívidas de curto prazo, que subiram 76,6 milhões de euros. Já as dívidas a médio e longo prazo caíram 49,5 milhões de euros.

A dívida autárquica global aumentou sobretudo devido ao endividamento junto dos fornecedores (por via, por exemplo, do aumento dos prazos de pagamento) e ao recurso ao leasing, e não por via dos empréstimos bancários. A dívida dos municípios à banca diminuiu mais de 52 milhões de euros, já que o valor de novos empréstimos contraídos (cerca de 358 milhões) foi inferior às amortizações da dívida (na ordem dos 395 milhões). Isso fez com que o stock do capital em dívida à banca diminuísse 37,7 milhões de euros em 2007.

Estes dados são bastantes preocupantes por duas razões. A primeira é a de que simultaneamente ao aumento do endividadmento as autarquias conseguiram aumentar as suas receitas. A segunda, porque estes dados são anteriores ao eclodir dos efeitos da crise em que estamos mergulhados.

Em 2007 as receitas cobradas pelos municípios aumentou 12%: mais 547 milhões de euros de receitas foram cobradas em 2007, elevando o total para 7517 milhões. Este aumento deveu-se à eficiência na cobrança da receita, a um aumento das transferências do Estado em 64,5 milhões de euros e ao aumento das cobranças de impostos directos, indirectos e taxas em 348 milhões de euros. O que significa que ao mesmo tempo que faziam aumentar a carga fiscal sobre cidadãos, famílias e empresas, as autarquias se revelaram incapazes de utilizar esse aumento de receita para diminuir as suas dívidas, tal como uma família bem gerida teria necessariamente de fazer. Ainda assim, as previsões de receita continuam infalcionadas para disfarçar a realidade negra. Em 2007 apenas se cobraram 68% das receitas previstas nos orçamentos. Apesar de tudo, cobraram-se mais 6,5% que em 2006.

Em 2007, apenas 77 municípios apresentam receitas próprias superiores a 50% das receitas totais, limite a partir do qual se considera que dispõem de autonomia financeira. No que respeita às despesas, os custos com pessoal continuam a representa a maior fatia, 30%, das despesas totais seguindo-se os fornecimentos e serviços externos, 26% e as amortizações, 15%.

Estas informações sobre a falta de saúde financeira das autarquias locais surgem numa altura em que se constata que, como muitos avisaram, o empréstimo contraído pela Câmara Municipal de Aveiro junto da Caixa Geral de Depósitos foi mal negociado. Infelizmente para Aveiro, nos últimos quatro anos somaram-se dois factos infelizes: uma dívida enorme legada pelos socialistas e uma flagrante inoperância de um executivo municipal em conseguir superar as dificuldades com saber, competência e inteligência. Foram quatro anos perdidos. E quando se perde tempo isso significa que custa dinheiro. A quem? Aos mesmos de sempre. Aos contribuintes.

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

quinta-feira, abril 16, 2009

POESIA DE AVEIRO

O Encontro Internacional de Poesia subordinado ao tema "O discurso poético em Aveiro" terá lugar no próximo dia 18 de Abril, pelas 17.30 horas, no Museu da Cidade. Tem entrada livre. Ler tudo aqui.

sábado, abril 11, 2009

ACTO POLÍTICO

Aveiro não justificava ser cidade e foi-o por razões políticas, defende o historiador Amaro Neves no dia em que se comemoram 250 anos sobre a assinatura, por D. José I, da elevação a cidade. Em declarações à Lusa, Amaro Neves descreve Aveiro de há 250 anos como uma pequena vila muralhada, de feição medieval, ainda que de carácter burguês, devido às actividades salineiras, piscatórias e mercantis, mas que se encontrava decadente devido ao assoreamento da Ria. A elevação a cidade, sustenta, “foi justificada por um pseudo-atentado contra o rei, já que não há provas seguras de que o atentado tenha existido, de que seria tido como principal responsável o duque de Aveiro. Cortada a cabeça do duque, havia que granjear a simpatia das pessoas tuteladas pelo duque de Aveiro. Entendeu o rei que essa seria uma forma de compensação, mas diria mais. Foi também uma atitude delimitadora da Diocese de Coimbra, porque para Aveiro ser cidade passaria também a ser sede de diocese, como veio a sê-lo. A maior parte do território da nova diocese foi retirado à de Coimbra e era a parte mais rica”, conclui. Aveiro ascende à categoria de cidade num período de acentuado decréscimo demográfico, em que a barra natural de ligação do rio Vouga ao oceano se assoreava e deambulava para sul, dificultando a passagem das embarcações mercantis. A Ria, sem saída franca das águas para o mar, tornava-se num enorme charco, propício às epidemias e definhando as actividades económicas. “As pessoas fugiram em grande número, nomeadamente para o Brasil. Por algum sal, por alguma pesca, a zona da beira-mar, fora de muralhas, ainda conseguia ter alguma prosperidade, mas todo o casario do coração da vila, que é hoje o centro da cidade, ficou ao abandono durante quase 100 anos”, descreve o historiador. Amaro Neves explica assim o facto de poucas edificações de há 250 anos ainda hoje subsistirem, mais do que com a pobreza dos materiais, numa zona onde a pedra vinha de fora. “Quando se dá o retorno da população com a abertura da barra, a maior parte dos edifícios eram escombros e as muralhas estavam decadentes. Havia construções nobres de boa qualidade arquitectónica, como o Palácio dos Tavares, que depois foi o Paço Episcopal, ou o Palácio de D. Brites Lara, mas não eram muitas, até porque havia desde tempos remotos a proibição de que os nobres fizessem a sua casa-sede em Aveiro”, explica. Contrariando a tendência de empobrecimento da vila, assiste-se ao enriquecimento de várias casas religiosas, visível nas talhas barrocas das suas igrejas, fosse por legados e heranças, a que não será alheio o declínio demográfico, fosse pela gestão empreendida. Amaro Neves salienta que as casas conventuais “tinham todo o interesse em serem boas administradoras do património herdado” e “quase todas possuíam marinhas e ligações à actividade da pesca, pelo que se pode dizer que tinham uma empresa bem montada”. Relembrar Aveiro desse tempo e assinalar a elevação a cidade é o que pretende a Câmara Municipal, através de um conjunto de iniciativas que tem hoje um dos seus principais momentos numa sessão solene.

Fonte: Lusa.

250 ANOS



É hoje. Comemoram-se os 250 Anos de elevação de Aveiro a cidade. Esta é a data em que D. José I assinou a elevação de Aveiro a cidade. O dia começa às 10.45 h. com o hastear da Bandeira e Guarda de Honra, uma Sessão Solene Comemorativa dos 250 anos de elevação de Aveiro a Cidade que integra a Alocução Histórica subordinada ao tema "Aveiro: Identidade e Memória" por Inês Amorim e a apresentação do projecto "Memorial da Fundação da Cidade. Porta do Sol" pelo Arquitecto Siza Vieira, a inauguração das Exposições "Aveiro: Terra Milenária" e "Aveiro na Filatelia", e os lançamentos do Carimbo Comemorativo e do Inteiro Postal. Importa referir que este dia irá finalizar com a realização da primeira "Gala Sénior" que irá distinguir e homenagear os ex-funcionários do Município. A Sessão Solene contará com a presença de Siza Vieira, que fará a apresentação do projecto "Memorial da Fundação da Cidade. Porta do Sol" que consiste numa reinterpretação das muralhas de Aveiro e da Porta do Sol. Pelas 12.00 horas, será inaugurada a Exposição Documental "Aveiro: Terra Milenária" e será lançado o Carimbo Comemorativo e do Inteiro Postal na Galeria dos Paços do Concelho. "Aveiro: Terra Milenária" é uma exposição organizada pela Divisão de Bibliotecas e Arquivo através do Arquivo Histórico Municipal. Trata-se de uma exposição documental que retrata um momento importante da história de Aveiro - as Festas do Milenário e bi-centenário de Aveiro que se realizaram em 1959. A documentação exposta, testemunha a importância e a grandeza deste evento, à escala nacional, e que trouxe a Aveiro inúmeras personalidades, entre elas, o Presidente da República Américo Tomás. Poderá ser visitada até 10 de Maio. A Secção Filatélica e Numismática do Clube dos Galitos vai promover uma Mostra Filatélica onde apresentará peças filatélicas e colecções que estejam relacionadas com a Cidade. Será inaugurada pelas 12.30 horas no Teatro Aveirense. Ficará patente até 24 de Abril. Por fim, às 15.30 horas, no Teatro Aveirense, realizar-se-á a primeira Gala Sénior que irá prestar homenagem a ex-funcionários do Município de Aveiro através da entrega de uma lembrança pelo trabalho, entusiasmo e a dedicação que cada um desenvolveu na construção de uma comunidade melhor.


Fonte.


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sexta-feira, abril 10, 2009

O CONTRATEMPO EUROPEU

As próximas eleições europeias, as primeiras do ciclo de três que teremos este ano, são um contratempo para os partidos da alegada direita. CDS e PSD têm revelado enorme dificuldade em encontrar quem os represente e têm um discurso nulo sobre o que está em causa nas eleições. Esta realidade demonstra que a oposição está sem capacidade de decisão e de atracção política. O que é deveras surpreendente, dada a crise que atravessamos, o desencanto com o Governo do PS e a falta de credibilidade que José Sócrates exibe.

O CDS decidiu-se, enfim, esta semana e não teve alternativa se não recrutar no refugo interno um personagem que não aquece nem arrefece. A lista europeia dos neo-federalistas do CDS é uma lista de obediências internas, não de convicções políticas. Já se percebeu que Portas já não encanta ninguém que não tenha a obrigação de se deixar encantar.

Diz-se, por outro lado, que vai pedir a adesão formal ao partido federalista chamado Partido Popular Europeu, o que será, a confirmar-se, o selo de garantia da inutilidade europeia superveniente deste partido. O PSD, até à hora em que escrevo, nem refugo nem não refugo. Está sem candidato, sem programa e sem discurso, embora não se espere nenhuma novidade de um partido que pertence ao decadente projecto europeu vigente na União Europeia. Tem um cartaz de Manuela Ferreira Leite espalhado pelo país, um cartaz necessário para a líder do PSD, mas bastante desfasado da agenda política, a não ser que seja ela própria a candidata do PSD ao Parlamento Europeu…

Para quem acredita numa Europa de Estados soberanos, as eleições para o Parlamento Europeu são relativamente desinteressantes. Para os cidadãos dos países em que o voto não é obrigatório também, visto que os mesmos cidadãos dispensam a essas eleições um altivo desinteresse, optando por taxas de abstenção maciça, por muito que alguns pedagogos se esforcem por nos demonstrar a importância das decisões que o órgão toma durante os cinco anos de cada mandato, de acordo com os esotéricos Tratados europeus.

O Parlamento Europeu surge aos olhos dos cidadãos como uma prateleira política dourada, para onde são recambiados políticos em fim de carreira ou sem ocupação, regiamente pagos, que dão uma despesona à União, o mesmo é dizer, aos orçamentos dos Estados da União, o mesmo é dizer e sempre, ao nosso bolso. As grandes decisões da União, todos o sabem, não são tomadas ali.

Melhor seria, para poupar sucessivos vexames democráticos à União, que se regressasse à eleição indirecta dos deputados do Parlamento Europeu, como se fazia, aliás, no tempo em que a Europa era uma Europa de soberanias e não de federalismos.

Mas as eleições vão mesmo acontecer. O interesse que resta, que é o interesse das consequências internas dos resultados eleitorais, tal e qual ocorreu nas últimas eleições homólogas com uma estrondosa e histórica derrota do CDS e do PSD, vale de pouco para a mudança política de que o país precisa.

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

quinta-feira, abril 09, 2009

BOA PÁSCOA


A todos os leitores desejo uma Feliz Páscoa.

(Foto)

sexta-feira, abril 03, 2009

EM CAMPANHA

O PS acha que mais vale prevenir que remediar. Como a maioria absoluta está duplamente em risco, decidiu reforçar a prevenção. A maioria absoluta está duplamente em risco devido às profundas alterações dos cadernos eleitorais e à sucessão de trapalhadas e suspeições que rodeiam José Sócrates.

Olhando as sondagens, o PS verificou que todas apontam um improvável ministro campeão de popularidade, com a óbvia e ancestral excepção do ministro dos negócios estrangeiros que, em qualquer Governo, é sempre o ministro mais popular. Esse improvável ministro chama-se Vieira da Silva, vem da ala esquerda tão do agrado de Manuel Alegre e foi-lhe atribuída a pasta de esquerda do Trabalho e da Solidariedade Social.

Foi sopa no mel, como se costuma dizer. Vai daí, o PS nomeou-o responsável pela coordenação das três campanhas eleitorais deste ano, a saber: europeias, autárquicas e, sobretudo, legislativas. Desde então o ministro improvável anda num virote pelo país. Tudo quanto é creche, equipamento social, inauguração, não prescinde do descerrar de lápide pelo ministro improvável. De norte a sul, Vieira da Silva anda num corropio.

Hoje, é dia de campanha eleitoral em Aveiro. Está marcada para as 12 horas de hoje a inauguração do Lar e Centro de Dia de Santa Joana. Está pronto há vários meses e com todas as licenças necessárias. Mas da mesma maneira que andam a pressionar a provável Mota Engil do camarada Jorge Coelho para acabar as obras a tempo de Mário Lino ir cortar a fita para os eleitores verem, também um pouco por todo o país tudo parece esperar pela oportuna presença de qualquer governante e, desta vez, convenhamos, além de improvável, o governante é de peso: é o super-campanhas do PS. A obra, imprudentemente acabada antes de tempo, pertence à Associação Centro Social Santa Joana e apenas aguardava a marcação da inauguração oficial pela Secretaria de Estado do Trabalho e Segurança Social para entrar em pleno funcionamento. A cerimónia contará, obviamente, com a presença do ministro do Trabalho e Solidariedade Social, José Vieira da Silva.

Mas as inaugurações não chegam para saciar a gula eleitoral socialista. As primeiras pedras também não escapam!

O Centro Comunitário da Vera Cruz lança a primeira pedra do Lar para Idosos também hoje, com a inevitável e parece que, a partir de agora, obrigatória presença do ministro do Trabalho e Solidariedade Social.

Denominada “Sal e Sonhos de Uma Vida”, esta é a maior obra do Centro Comunitário, desejada há muitos anos e que vai nascer no “coração” da freguesia, com um orçamento global de um milhão e 700 mil euros. Tudo com as pedras abençoadas pelo improvável delegado do PS para a tri-campanha eleitoral que se aproxima.

O PS está, ninguém o duvide, em campanha eleitoral. À grande, à francesa e à custa do erário público.

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

quinta-feira, abril 02, 2009

VIDA REPUBLICANA


O Governo Civil de Aveiro está a preparar as comemorações do 40º aniversário do II Congresso Republicano, que decorrem a 16 de Maio, com a presença de Artur Santos Silva. De acordo com uma informação do Governo Civil, Artur Santos Silva, que preside à Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da Implantação da Republica, confirmou já a sua presença na cerimónia destinada a assinalar a passagem dos 40 anos sobre a realização, em Aveiro, do II Congresso Republicano. O II Congresso Republicano decorreu em Aveiro, de 15 a 17 de Maio de 1969, reunindo centenas de opositores ao regime do Estado Novo de várias tendências, vindos de todo o país.


Fonte: Lusa.

quarta-feira, abril 01, 2009

ELEIÇÕES 2009

A partir de hoje também colaboro no blogue que o Público criou para debater a enxurrada eleitoral deste ano. Quem quiser saber quem são os escribas todos é ler aqui.