sexta-feira, junho 27, 2008

A UNIVERSIDADE DE AVEIRO: TAPA A CABEÇA, DESTAPA OS PÉS


Notícia de 12 de Maio de 2008:


“O primeiro-ministro preside hoje na Universidade de Aveiro à apresentação de medidas do governo para o desenvolvimento científico e à divulgação dos resultados do investimento governamental em Ciência.


Entre as várias medidas a anunciar figura o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia à integração, em 2008, de cinco mil "estudantes de formação avançada" na investigação, a criação de cátedras convidadas nas Universidades com o apoio do Estado e das empresas, o lançamento de concursos para novas bolsas de investigação e a contratação de mais 500 investigadores doutorados.”
Notícia de 25 de Junho de 2008:


“A Universidade de Aveiro confirma que não tem dinheiro do Orçamento do Estado para fazer face às despesas de funcionamento e está a recorrer a dinheiro de “receitas próprias de que pode transitoriamente dispor por não estarem taxativa e imediatamente consignadas a projectos ou fins específicos”.Num comunicado emitido pela sua reitoria, a universidade diz que esta situação não põe em causa o pagamento de bolsas, nem a normal execução dos projectos de investigação, “nem, genericamente, qualquer outra vertente” da sua actividade imediata. Ressalva no entanto que espera que “venha a ser ressarcida, através do reforço das verbas do orçamento do Estado, para assim repor a posição anterior e poder continuar a garantir boas condições de funcionamento”.


A rádio TSF noticiou ao início da manhã que a Universidade de Aveiro tem, estado a anunciar em reuniões de departamentos que vai utilizar dinheiro destinado à investigação para pagar os subsídios de férias de funcionários e professores. Estarão em causa 3,8 milhões de euros, segundo aquela rádio, dizendo que a informação lhe foi confirmada por várias fontes daquele estabelecimento.”


O Governo tem que se decidir. O que devem os impostos de todos pagar no ensino superior? E o que devem os cidadãos pagar directamente do seu próprio bolso? Se uma Universidade é para manter e desenvolver, como só pode ser o caso de Aveiro, há que assumir politicamente o facto e pôr o país a pagar as despesas necessárias, isto é, o Orçamento do Estado. O que é cada vez mais patético é verificar a sequência entre a propaganda do Governo e a dura realidade que vem à tona quando o Governo, depois de anunciar milhões, regressa a S. Bento e se percebe, finalmente, que tudo não passa de tostões.


O ensino superior em Portugal precisa de uma grande volta. Há muito dinheiro esbanjado em professores improdutivos e não assíduos. Há muito dinheiro esbanjado em mordomias. Mas aí o ministério não se atreve a tocar. Há corporações e corporações. E umas são mais iguais que outras.


(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

quinta-feira, junho 26, 2008

NEM OS JUÍZES ESCAPAM

Num tribunal que funciona no salão de um quartel de bombeiros em Sta. Maria da Feira, os juízes foram agredidos a pontapé por arguidos condenados por tráfico de droga. Era mesmo só isto que faltava à Justiça portuguesa. O edifício do Tribunal propriamente dito está encerrado por perigo de derrocada. Sem mais comentários!

MIRTILO


Em homenagem ao meu amigo Armelim Amaral, companheiro de horas boas e más, aqui divulgo com muito gosto que começa hoje em Sever do Vouga a I Feira Internacional do Mirtilo. Até domingo lá estarão 25 expositores a mostrar as especialidades do fruto que encontrou no concelho de Sever condições ímpares de proudução.

sexta-feira, junho 20, 2008

OJE HÁ AVEIRO

O diário gratuito OJE dedica a sua página de lazer e viagens da edição de hoje a Aveiro.

O SUCESSO A MARTELO


Os responsáveis políticos do Ministério da Educação têm a obsessão do sucesso educativo. Há duas maneiras de o conseguir. A primeira é com um ensino de rigor, de exigência e de trabalho continuado. A outra é facilitando. O Ministério tem seguido a maneira mais fácil para disfarçar o falhanço do sistema. Há ordens para não reprovarem alunos no ensino básico. Há despachos ministeriais que mandam passar os alunos quer saibam quer não saibam. Agora, a vertigem do sucesso a martelo chegou aos exames.

A Associação de Professores de Português lamentou que a prova de aferição de Português do 9.º ano tenha tido perguntas de gramática do 2º ciclo, referindo-se às perguntas sobre "tempos verbais simples, todos do modo indicativo" que são ensinados no 2º ciclo de ensino básico (5º e 6º anos). "Lamentamos que a parte da gramática tivesse matéria do 2º ciclo", disse o presidente da APP, Paulo Feytor Pinto, explicando que esta opção pode ser "excessivamente fácil para os alunos porque é matéria antiga, mas também pode ser difícil porque agora os alunos só conseguem decorar a matéria do próprio ano". A prova incidia também, segundo a associação, sobre matérias do programa do 7º ano (subordinação causal e discurso indirecto) e do 8º (subordinação condicional).

Tal como nos anos anteriores, a APP voltou a criticar a presença de "orientações" e "ajudas excessivas" na prova que facilitam a sua realização e dificultam o trabalho dos professores no sentido de perceber os reais conhecimentos dos alunos.

E quanto à matemática, como se passaram as coisas? Foi assim: quase dois em cada dez alunos obtiveram negativa na prova de aferição de Matemática do 6º ano, um resultado, no entanto, melhor que o registado o ano passado, quando 41% dos estudantes chumbaram no exame. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Educação, 18,3% dos alunos obteve «Não Satisfaz», dos quais 1,8% obtiveram a nota mais baixa, alcançando o nível E, numa escala até ao nível A. Em 2007, quatro em cada dez alunos (41%) chumbaram na prova, dos quais 6,6% obtiveram o nível mais baixo.
Este ano, registam-se ainda melhorias nas classificações de «Muito Bom» (A), com 8,9 por cento dos alunos a alcançarem este resultado, enquanto em 2007 apenas 2,7 por cento dos estudantes tiveram esta nota. Quanto à classificação de «Bom» (B), a percentagem passou de 12,9 para 24 por cento, enquanto ao nível do «Satisfaz» (C) subiu de 43,3 para 48,9 por cento. Globalmente, 81,9 por cento dos alunos do 6º ano obtiveram positiva nesta prova.

Pronto: está feito outro milagre, não o das rosas, como o símbolo do PS poderia induzir, mas o milagre da matemática. O problema é que os especialistas não parecem estar de acordo em embarcar em milagres fáceis.
A Sociedade Portuguesa de Matemática considera que as provas de aferição contêm um "número exagerado de questões demasiado elementares". No comentário da SPM sobre os resultados das provas de aferição de Matemática, a sociedade volta a insistir na crítica. E vai mais longe: "Não é credível que as negativas tanto no 4.º quanto no 6.º tenham caído este ano para menos de metade por os alunos terem melhorado extraordinariamente as suas capacidades matemáticas de um ano para o outro."

A SPM insiste que a "forma como as provas são construídas fazem com que os seus resultados não sejam comparáveis de ano para ano": "Infelizmente, o ME não tem sabido, ou não tem querido, fazer testes comparáveis. Os critérios têm mudado, as durações das provas têm mudado, a dificuldade das questões tem também mudado."

Assim se continua a enganar o futuro em Portugal.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
(Foto)

quinta-feira, junho 19, 2008

PARABÉNS AO DIÁRIO DE AVEIRO


Completa hoje 23 anos de vida. Já é uma referencia, dentro e fora de Aveiro. Felicito todos os seus colaboradores, com um abraço especial ao Ivan Silva, seu Director.
Declaração de interesses: tenho a honra de ser colaborador do Diário de Aveiro.

quarta-feira, junho 18, 2008

AZULEJOS DE AVEIRO (2)


AZULEJOS DE AVEIRO (1)


AZULEJARIA DEBATIDA EM AVEIRO


20 JUNHO 2008
AVEIRO
Edifício da antiga Capitania

ECONOMIA REAL


A AIDA – Associação Industrial do Distrito de Aveiro vai promover, no próximo dia 20 de Junho de 2008, no Centro Cultural de Ílhavo, o I Fórum Empresarial da Região de Aveiro, no qual se pretende que as empresas do Distrito de Aveiro discutam aberta e pragmaticamente os problemas com que se deparam no exercício da sua actividade, identificando oportunidades e caminhos a seguir, tendo em vista um melhor aproveitamento das potencialidades da Região. O programa está aqui.

sexta-feira, junho 13, 2008

A REBOQUE

(Foto)
A Inspecção-Geral de Finanças iniciou mais uma auditoria financeira ao município de Aveiro. O objectivo é avaliar a qualidade da informação constante da prestação de contas do exercício de 2007, dado que esta foi uma das maiores críticas apontadas na auditoria anterior da IGF.
A auditoria tem também por objecto de análise do comportamento do executivo municipal quanto à execução orçamental nos anos de 2006 e 2007 e a apreciação da sua situação financeira de curto prazo, incluindo a avaliação da evolução do endividamento municipal no triénio 2005-2007, incluindo todas as formas de endividamento, como empréstimos, leasings e outras dívidas a terceiros; e, enfim, a verificação do cumprimento, no exercício findo, do regime e limites de endividamento previstos na Lei das Finanças Locais.
Enquanto a IGF se instala novamente na Câmara Municipal de Aveiro, foi também aprovada pela Câmara a nova versão do Plano de Saneamento Financeiro que sustentará o pedido de empréstimo para saldar dívidas municipais curto-prazo, que terá de ser submetido ao Tribunal de Contas.
A Câmara de Aveiro viu ser recusado em Abril, pelo Tribunal de Contas, um pedido de empréstimo no valor de 58 milhões de euros, por 12 anos, que serviria para pagar as dívidas de curto prazo. O Tribunal justificou a decisão com base na debilidade do Plano de Saneamento apresentado na altura, que não cumpria várias exigências legais, sendo que a versão agora aprovada constitui uma "densificação" do primeiro documento, dizem fontes da Câmara.
“Densificação” é um termo pacóvio da tecnocracia vigente, que significa tornar denso aquilo que não é. Espera-se que ao menos desta vez, já que a Câmara, tal como o PS, não quer nem pode, porque o PSD e o CDS não deixam, já que têm muitas bocas para alimentar, reduzir a despesa, seja ao menos capaz de fazer um plano minimamente credível, competente e legal.
A medida mais influente do documento parece ser a concessão/alienação/extinção das empresas municipais, uma parceria público-privada para concretizar a Carta Educativa, a transformação das actuais operações de leasing e leaseback num Fundo de Investimento Imobiliário e a passagem da gestão do serviço de resíduos sólidos urbanos e limpeza e varredura da SUMA e da ERSUC para os SMA.
O PS, que devia ter vergonha da situação financeira em que deixou a Câmara votou contra. O que se admite: nada impede que se seja simultaneamente competente para fazer despesa e para fazer planos para resolver o problema da despesa.
O problema principal é que a coligação PSD/CDS/PEM mostra mais uma vez não ter a mínima ideia do que fazer. Falta quase um ano para as eleições e o principal problema da gestão municipal continua por resolver e sem fim à vista: justamente o problema financeiro.
Quanto às empresas municipais já dá vontade de rir o inócuo choradinho municipal: ora extingue, ora concessiona, ora aliena, ora aliena, ora concessiona, ora extingue. O certo é que já se perderam três anos e está tudo exactamente na mesma, tal como os socialistas deixaram. Ah, peço desculpa, houve uma coisa que mudou: o pessoal político a quem foi distribuído emprego, ordenado e mordomias a condizer. Dantes eram socialistas. Agora são do PSD e do CDS.
A Câmara limita-se a andar a reboque dos acontecimentos e mesmo assim o reboque tem os pneus furados.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

sexta-feira, junho 06, 2008

800 MILHÕES DE EUROS


O Tribunal de Contas detectou despesa pública ilegal de mais de 800 milhões de euros ao longo de 2007, refere o relatório de actividades do Tribunal divulgado esta semana. «Em virtude da intensificação da acção do Tribunal de Contas foi detectada despesa pública irregular nas auditorias realizadas acima de 800 milhões de euros, nos vários níveis da administração, central, regional e local», pode ler-se nesse relatório.


Entre as situações irregulares encontram-se pagamentos não orçamentados, pagamentos com recurso a operações específicas do Tesouro e transferências de municípios para empresas públicas municipais com um instrumento legal «desadequado». O Tribunal, que é presidido pelo socialista Guilherme d'Oliveira Martins, cuja missão é fiscalizar e julgar as contas públicas, diz que efectuou 1.736 acções de controlo prévio a actos, contratos ou outros documentos, relativos a uma despesa de 4,2 mil milhões de euros.


Em 2007, o Tribunal de Contas recusou o visto a 46 actos e contratos relativos a 107 milhões de euros, que representam 2,5 por cento da despesa submetida a visto.


No meio da algazarra quase paranóica sobre a selecção nacional de futebol, obviamente submergida pela decisão da UEFA excluir o F. C. do Porto das competições europeias (estavam à espera de quê?), claramente ocultada pelo maior desafio da vida de José Mourinho, esta noticiazeca dos 800 milhões de despesa ilegal passou em claro aos habituais cronistas as desgraças nacionais.


O país vive habitualmente preocupado com a despesa pública excessiva, com a necessidade de poupança, com o combate ao défice que resulta do facto do Estado gastar muito mais do que pode, com a necessidade de consolidar as contas públicas, expressão que significa em bom português fazer com que o Estado gaste menos. Mas eis que quando se sabe que foram gastos 800 milhões de euros de forma ilegal, apenas uma voz pública se levanta a anunciar responsabilizações, justamente a do presidente do Tribunal de Contas.

As Finanças desesperam em alucinação penhoratícia pela angariação de receita fiscal de qualquer forma e feitio. Investigam casamentos, telefonam aos contribuintes, penhoram casas para se pagarem de ninharias, publicam listas de devedores e no fim das contas, têm ali 800 milhões de ilegalidades mesmo à mão de semear.

Governo, oposição, jornais, cronistas, tudo passa ao lado desta noticiazeca. O país é que não passa porque sente no seu bolso as consequências desta enormidade financeira.

Repare-se: uma das ilegalidades detectadas prende-se com transferências de capital de municípios para empresas municipais através de instrumento legal desadequado. Nada que em Aveiro não se saiba o que é.

Ah e já agora: boa sorte para a selecção lá na Suiça.


(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

quinta-feira, junho 05, 2008

DIÁRIO DE AVEIRO

Embora com alguns dias de atraso não quero deixar de saudar o novo aspecto gráfico do Diário de Aveiro. O jornal está mais leve, mais moderno, mais legível. Parabéns a toda a equipa!