sexta-feira, fevereiro 09, 2007

NÃO

«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado? Porquê?»

OBVIAMENTE NÃO!

Em primeiro lugar, porque a partir da concepção existe vida humana (se não é vida humana será o quê? Uma “coisa” como lhe chamou Lídia Jorge no Prós & Contras?), embora não haja ainda pessoa jurídica. Em segundo lugar, porque a vida humana deve ser respeitada por todos os humanos. Em terceiro lugar, porque não se pode atribuir a ninguém o livre arbítrio de decidir quem nasce e quem não nasce. Em quarto lugar, porque é repugnante consagrar um direito ao aborto, como sucederá se o Sim ganhar. Em quinto lugar, porque ninguém explicou ainda qual é a diferença que justifica o limite das dez semanas e não das nove, das oito, das onze ou das doze, o que revela um puro jogo de sorte ou azar, do tipo “Casino da Gravidez”, numa matéria de civilização. Em sexto lugar, porque apesar disto tudo, nem a vantagem de eliminar o aborto clandestino a resposta Sim garante, visto que ele continuou a existir em todos os países que liberalizaram o aborto. Em sétimo lugar, porque seria aberrante tratar uma grávida como se fosse um doente e passá-la à frente de pessoas que têm doenças graves para as quais não contribuíram para serem atendidas no Serviço Nacional de Saúde. Em oitavo lugar, porque hoje só engravida quem quer, dada a generalização do acesso aos meios contraceptivos, o que torna a gravidez não desejada possível de evitar por qualquer pessoa. Em nono lugar, porque já hoje a lei penal consagra a possibilidade de em certas circunstâncias de exclusão da ilicitude, não haver aplicação de pena por prática de aborto. E, em décimo lugar, porque esta é uma pergunta batoteira: uma gravidez não se interrompe, destrói-se. E destruir vida humana à mercê de um capricho de ocasião, isto é, “por opção da mulher”, livremente, é um retrocesso civilizacional.
(publicado no Diário de Aveiro)

1 comentário:

José Manuel Dias disse...

Viva!
Só gostaria de transcrever o que a Organização Mundial de Saúde preconiza:
" Os governos têm de avaliar o impacto dos abortos inseguros, reduzir a necessidade de abortar e proporcionar serviços de planeamento familiar alargados e de qualidade; deverão enquadrar as leis e políticas sobre o aborto tendo por base um compromisso com a saúde das mulheres e não com base nos códigos criminais e em medidas punitivas."

Cumps