PND quer referendar Estádio Mário Duarte.
Partido não concorda com urbanização projectada para o estádio de Aveiro e propõe que a população seja ouvida.
Por Patrícia Coelho Moreira
(Publicado na edição do Público de ontem)
Depois dos panfletos distribuídos pelas ruas, chegam os cartazes que a Nova Democracia (ND) decidiu afixar por Aveiro, no âmbito da campanha que pede a realização de um referendo sobre o futuro do Estádio Mário Duarte. “Aveiro merece referendo local sobre o Mário Duarte” é o apelo que aquele partido multiplicou ontem por mil, em mais uma acção de sensibilização do poder local.
O objectivo é que os munícipes possam pronunciar-se sobre o destino de uma zona central da cidade, para onde está projectada uma urbanização, cujo plano de pormenor já foi aprovado.“O que nós pedimos é um referendo sobre o futuro do estádio. Somos a favor de que a população seja ouvida”, introduz a coordenadora do círculo eleitoral de Aveiro da ND, Susana Barbosa, lembrando que o presidente da câmara, Élio Maia, “dizia, em campanha, que queria estar mais próximo dos cidadãos. Maia já foi, de resto, sondado sobre o tema.
“Houve uma audiência em que apresentámos algumas ideias sobre Aveiro, como o referendo”, relata a responsável, recordando que o edil “tinha como bandeira de campanha a preservação do Mário Duarte”.“Também reunimos com a presidente da assembleia municipal (AM), que nos disse que o plano de pormenor para aquela zona tinha sido aprovado e ratificado em Conselho de Ministros”, continua. “A urbanização é a última solução”, frisa, referindo, porém, que o grande objectivo desta acção “é dizer ao poder local que a população deve ser ouvida”. “Não concordamos com a urbanização, mas podem surgir outras soluções”, acrescenta, admitindo que o referendo poderá conter várias questões, colocadas em torno “do estádio, da urbanização ou até do alargamento do hospital”.
A conquista da consulta popular exige que sejam reunidas quatro mil assinaturas, que a ND ainda não começou a recolher. “Estamos a ver se o poder local nos dá atenção”, justifica a responsável, avaliando que o autarca de Aveiro “acolheu a ideia com muita simpatia”. Quanto à presidente da AM, Regina Bastos, “foi desfavorável não relativamente à ideia, mas com o facto de o plano de pormenor já ter sido aprovado pela assembleia e ratificado em Conselho de Ministros”, garante Susana Barbosa, convicta de que “uma alteração é sempre possível”.
Câmara negoceia lotes com investidores
O plano de pormenor dos terrenos afectos ao antigo Estádio Mário Duarte foi ratificado em Conselho de Ministros, no início deste ano.
O processo herdado do anterior executivo da Câmara de Aveiro, liderado pelo socialista Alberto Souto, mantém-se, no entanto, em aberto. Élio Maia defende a manutenção de um recinto desportivo na zona, pelo que tem procurado conciliar a sua intenção com os interesses de eventuais compradores.O processo de negociação directa estabelecido entre a autarquia e potenciais investidores continua, envolvendo um conjunto de lotes – cuja soma ultrapassa os 22 mil metros quadrados – localizado entre os armazéns gerais da câmara e as traseiras das moradias da Avenida de Artur Ravara.
Recorde-se que, em Setembro do ano passado, tanto estas parcelas como as do plano de pormenor do Centro conheceram uma operação de hasta pública vazia. A ausência de qualquer proposta de alienação mereceu, à data, duras críticas da candidatura comunista à Câmara de Aveiro, que leu o resultado da operação como “uma estratégia para negociação directa”, por parte do executivo PS.
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