domingo, janeiro 18, 2009

PELA FOGAÇA


Os produtores de fogaça estão determinados a seguirem o processo de fabrico original e querem continuar a luta pela qualificação deste secular produto, revelou presidente do Agrupamento de Produtores Artesanais de Fogaça da Feira (APAFF). À Lusa, Manuel Cavaco disse que “o objectivo passa por sensibilizar os produtores para a importância de manter a receita e o processo de fabrico originais”. O APAFF - criado em 2005 – é uma estrutura que surgiu da Confraria da Fogaça, tendo como principal objectivo obter a certificação do doce típico. Queremos qualificar o produto e, por isso, vamos continuar a apostar na formação dos nossos cerca de 20 membros”, referiu.

O presidente do APAFF sublinhou que os produtores estão determinados a seguirem “as raízes ancestrais” do processo de fabrico para que a fogaça da Feira “seja mesmo única”. Água, fermento, farinha, ovos, limão, manteiga, canela, açúcar e sal são os ingredientes, mas o segredo está na forma como a massa é trabalhada e na temperatura ideal para a cozedura. O doce é o “protagonista” da Festa das Fogaceiras, considerada uma das manifestações culturais e religiosas mais importantes do país, que decorre todos os anos a 20 de Janeiro. As “Fogaceiras” chegaram até aos nossos dias com dois traços essenciais: a realização da missa solene, com sermão, precedida da bênção das fogaças, celebrada na Igreja Matriz, e a procissão, que sai da Igreja Matriz, percorrendo algumas das principais ruas da cidade. Na procissão as atenções recaem sobre as meninas fogaceiras, provenientes de todo o concelho, vestidas e calçadas de branco, cintadas com faixas coloridas, que levam à cabeça as fogaças do voto, coroadas de papel de prata de diferentes cores, recortado com perfis do castelo.

“A Festa das Fogaceiras tem preservado os seus princípios fundamentais, independentemente das entidades responsáveis pela sua organização ao longo dos tempos”, disse o presidente da autarquia, Alfredo Henriques. A festa teve origem num voto ao mártir S. Sebastião, em 1505, altura em que a região foi assolada por um surto de peste que dizimou parte da população. Em troca de protecção, o povo prometeu ao santo a oferta de um pão doce chamado fogaça. S. Sebastião, que segundo a lenda padeceu de todos os sofrimentos aquando do seu martírio em nome da fé cristã, tornou-se, assim, o santo padroeiro do então condado da Feira. No cumprimento do voto, os ofertantes incorporavam-se numa procissão que saía do Paço dos Condes e seguia pela Igreja do Convento do Espírito Santo (Lóios), onde eram benzidas as fogaças, divididas em fatias, posteriormente repartidas pelo povo.
Fonte: Lusa.

Sem comentários: