Esta semana as notícias aveirenses mostraram três faces da mesma realidade. Ribau Esteves veio afirmar que o estado da ria de Aveiro é inacreditável. Palavras dele que não custa subscrever, bastando para o efeito dar uma volta pelo que se pode ver. Nem é necessário pegar no tal avião para ver as desgraças mais profundas da ria. Logo a ria, o cartão de visita ambiental, económico, turístico e cultural da região de Aveiro. A ria que mais ninguém tem. A ria que dava para vender turismo como quem quem vende pipocas em cinemas de centro comercial. A ria, o ex-libris de toda uma zona geográfica que cresceu com ela e à volta dela.
Ribau Esteves afirmou mais: que o salgado de Aveiro se encontra “completamente destruído” e que um circuito turístico pela Ria “não é um passeio agradável”.
“Há tanta coisa para fazer”, diz o vogal que preside à Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) e à Câmara de Ílhavo, e se há um plano de obras com um orçamento de 96 milhões, Ribau Esteves disse que para “pôr tudo em ordem de uma vez” seria necessário “10 vezes mais” que aquele valor. É que. segundo diz, “o nível de destruição é inacreditável”. Mas o estado a que chegou a Ria, com pontos em que se consegue chegar “só de avião”, tem responsáveis, apontando para o Governo pelo “abandono” a que deixou a laguna. Ribau Esteves intervinha numa sessão promovida pelo PSD de Aveiro sobre “O impacto da reorganização do sector turístico nas autarquias”. Na parte menos interessante das suas afirmações Ribau Esteves culpou o PS, claro, pela situação, tentando atirar areia para os olhos dos mais distraídos, quando sabe perfeitamente que as responsabilidades pelo estado da ria são repartidas e bem repartidas por vários partidos, por vários pelas autarquias da ria que não têm sabido, podido ou querido fazer melhor.
Esta semana ficámos também a saber que a cidade de Aveiro tem o maior número de infectados com VIH da região centro. A cidade de Aveiro é a que mais incidência regista de notificações de Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH-SIDA) na região Centro. Célia Oliveira, chefe da Unidade de Infecciologia do Hospital de Aveiro, adiantou como explicações que “Aveiro tem uma grande densidade populacional, largas zonas marítima e de embarque, e isso pode ajudar a explicar esta incidência mais elevada”. Enquanto em Aveiro sobem os casos notificados, no país desceram. Ou seja, também num índice sanitário relevante Aveiro recua face ao todo nacional.
Por último, numa revelação tocante, Manuel Miranda, antigo tesoureiro e presidente da Associação Desportiva Ovarense, que alegadamente conseguiu forjar, no banco em que trabalhava, mais de 24 milhões de euros de empréstimos, veio garantir que foi só “por amor ao clube”. Detido em 2004 pela Polícia Judiciária, aguarda com termo de identidade e residência pelo julgamento, mas a sua vida “deu uma grande volta”.
Aí está: o amor, neste caso a um clube, vem justificar o impensável. Por amor, a Ovarense está também nas lonas e a sua vida associativa levou uma grande volta. Por amor se fazem as coisas mais inacreditáveis neste país…
A ria estragada, a sida a subir e pessoas que por amor são capazes de tudo, eis um distrito nu e cru, que precisa de retomar o optimismo e a confiança no futuro que já foi a sua marca identitária outrora. Estes três episódios ilustram a evolução do distrito de Aveiro nos últimos anos. São apenas três episódios num distrito que tem muitos factores competitivos que necessitam ser potenciados para que seja reencontrado o caminho do futuro.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
1 comentário:
Está mal informado com relação à repartição de culpas... Veja lá bem o historial...
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