quinta-feira, maio 25, 2006

Quatro Torres Ou Um Estádio? Decida O Povo!



Durante os últimos meses a Nova Democracia tem sido atacada por ter tido a ousadia de defender a realização de um referendo local para saber se os cidadãos de Aveiro escolhem entre a manutenção ou a demolição do antigo estádio Mário Duarte e, neste caso, a construção de quatro torres de betão no mesmo local. Uma proposta simples, democrática e exequível. Nos bastidores tem sido feito de tudo para calar esta proposta. Certamente porque ela é incómoda e põe em causa interesses. Interesses cuja legitimidade não discutimos, mas que não podem nem devem sobrepor-se aos interesses da população. E estes, só a população deve definir.

O presidente da Câmara Municipal, Élio Maia afirmou esta semana, durante a reunião pública do Executivo, a vontade de «manter o velhinho Estádio Mário Duarte como património de Aveiro», evitando que naquele espaço se construam «quatro torres», como está previsto no negócio que está feito.

A construção abrange o antigo relvado (que teria de ser deslocalizado) e as bancadas. O espaço está hipotecado e para que esse desejo se concretize a Câmara terá de pagar dez milhões de euros. Mais um encargo herdado da abastança socialista.

«Não é uma decisão fácil, mas iremos fazer tudo para que este património possa permanecer», refere Élio Maia, dando conta de que «a solução é recomprá-lo, embora o seu valor seja muito elevado». A solução terá de ser encontrada em breve, devendo no entender do autarca acontecer no decorrer deste ano. «É um assunto que não se pode protelar, mas que terá de ser bem pensado já que se trata de uma decisão irreversível».

À margem da reunião do Executivo, que decorreu no quartel dos Bombeiros Velhos, Élio Maia referiu que a Câmara está a analisar «um conjunto de soluções», escusando-se, no entanto, a adiantar pormenores, afirmando que «o segredo é a alma do negócio».

O vereador do PS, Marques Pereira, curiosamente afirma que a questão do antigo Mário Duarte «é sensível». Perguntamos: por quê? Importa-se de explicar? Ou é segredo? Afirma tambérm que «não se pode andar para trás» e que «o estádio vai desaparecer». Perguntamos: por quê? Importa-se de explicar? Ou é segredo? Recorde-se que os terrenos do antigo Mário Duarte foram vendidos quando se fez a operação do novo estádio municipal. O tal responsável por importante fatia do passivo da Câmara, que, aliás, continua por auditar e avaliar. Nessa altura foi feito um «lease-back», portanto os terrenos são do banco, adiantava esta semana o Diário de Aveiro.

Esta foi, mais palavra menos palavra, a notícia de terça-feira na cidade de Aveiro. Precipitaram-se, pois, os soldados cegos dos exércitos dos interesses que se movem em volta da Câmara e do seu presidente, quando qualificaram a proposta da Nova Democracia de irrealista, impossível e incomportável.

Mas mais importante do que vir dar razão à proposta que a Nova Democracia fez e mantém, Élio Maia fez uma revelação. Houve dinheiros adiantados à Câmara por conta de um negócio, provavelmente num momento em que ainda ninguém sabia se o negócio era definitivo e, apesar da aprovação do Plano de Pormenor já ter sido aprovado em Conselho de Ministros, sabe-se que não é, visto que tudo é negociável.

Já uma vez defendemos a total transparência na informação sobre o que está em causa neste problema. Infelizmente o método escolhido foi o dar informação às pinguinhas. O que é impróprio de uma gestão transparente e sem receios. Mas é melhor que nada.

Se não se vier a fazer o referendo, se as torres vierem a ser construídas sobre a mítica relva doo velho Mário Duarte, que não se diga que era impossível. Confesse-se apenas que não existiu vontade política. Caberá nessa altura averiguar porquê. Talvez não seja por falta de vontade de Élio Maia, mas apenas por que esse referendo não interessa a alguém…
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

2 comentários:

zé das enguias disse...

Finalmente um escrito seu com que consigo concordar... na quase totalidade.
Claramente que o Vereador Socialista não pode apenas dizer que a questão é sensível. Tem mesmo que explicar porque é que ela é sensível e, sobretudo, para quem é que ela é sensível.
Que negócio esteve escondido até esta data? Que contornos foram definidos pelo anterior Presidente da Câmara que tornam agora a questão tão sensível para o Dr. Pereira?
E porque é que o Estádio tem de desaparecer, na opinião do Dr. Pereira? Será essa a sua opinião ou estará a veicular a opinião de outro, provavelmente mais embrenhado no assunto?
Já agora e para terminar, apenas discordo num ponto, que pode até ser até essencial: o Povo decidiu e escolheu quem queria a governar os destinos de Aveiro neste mandato autárquico. Cabe aos eleitos assumirem a coragem de tomarem as decisões polítiucas que em cada momento e a bem de Aveiro devem fazer.
Ao fim dos 4 anos serão, de novo julgados por elas.

Cumprimentos.

Migas (miguel araújo) disse...

Meu caro Jorge Ferreira
Mas decida o povo, porquê?!
Não há eleições para se eleger os responsáveis pelos desígnios de Aveiro?!
Porque é que teimamos em fazer desta questão uma prioridade para um Concelho tão carente de outras prioridades e necessidades?!
Se é para o povo tudo decidir, poupe-se dinheiro em eleições e cargos píblicos e haja apenas uma assembleia do povo.
É qaue ninguém é senhor da verdade e dos factos. Agora o referendo sobre o velhinho estádio; amanhã o referendo sobre se as cores da cidade continuam ser o vermelho e branco ou se se muda para o preto e o amarelo; ou ainda se qualquer coisa que passe pela cabeça de cada aveirense.
isto é uma questão de gestão autárquica e de política de urbanismo. Quando muito haverá eleições para o povo julgar... democraticamente!
Cumprimentos