"O líder da Nova Democracia defendeu hoje a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para ouvir os ex-ministros da Defesa sobre os negócios das contrapartidas para empresas portuguesas da venda de material às Forças Armadas.
Manuel Monteiro anunciou hoje em Espinho, onde se deslocou para contactos com apoiantes, que vai enviar segunda-feira uma carta ao presidente da Assembleia da República a solicitar que seja constituída uma comissão de inquérito "para ouvir todos os ministros da Defesa sobre as circunstâncias desses negócios".
"É preciso que esclareçam o país se esse material era necessário, e se o era porque é que ficou empacotado e agora está a ser vendido, bem como porque é que as contrapartidas não foram cumpridas", justificou, numa referência à venda de 12 aviões F-16 da Força Aérea.
Vários empresários - Henrique Neto, da Iberomoldes, e Pedro Sena da Silva, da Autosil, por exemplo - queixam-se do incumprimento dos contratos de contrapartidas para empresas portuguesas, decorrentes da compra de equipamento militar, um negócio avaliado em cerca de três mil milhões de euros, como noticiou a Agência Lusa no final de Junho.
O ex-dirigente socialista e empresário Henrique Neto suspeita mesmo que "interesses partidários" estejam a interferir nos negócios das contrapartidas e o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Francisco Vanzeller, estranha que haja muito "nevoeiro" neste processo.
"Estranho que o PSD, o CDS e o PS estejam calados e que o Bloco de Esquerda e o PCP nada digam sobre o assunto, mas não pode haver medo de falar quando estão em causa negócios de armamento", disse Manuel Monteiro.
Considerando que "o silêncio é o principal aliado da suspeita" e que "a suspeição corrói a força do regime", Manuel Monteiro sublinhou que "em democracia tem de haver transparência e é importante que se esclareça, porque há muito silêncio em volta desta matéria".
"Podem existir justificações plausíveis e sérias, mas a questão diz respeito a todos os partidos que têm passado pelo governo, pelo que todos os que foram ministros da Defesa têm o dever de ir ao Parlamento explicá-la", declarou."
Fonte: Lusa
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