segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Nãoria


Não ria, caro concidadão, que o assunto é sério. Qualquer consumidor que tenha um contrato para ter água, luz ou telefone em casa tem que pagar o respectivo serviço. Se não há pagamento não há vícios e a alternativa é não se lavar, regressar ao tempo da luz da vela ou seguir o slogan “não telefone, vá pelos seus pés”…

Qualquer consumidor, excepto a Câmara de Aveiro. Alberto Souto continua a negar uma evidência. Em nossas casas não nos podemos dar ao luxo de ter um fornecimento sem um contrato e sem pagar. Mas ele tem. E contesta o valor. Terá a Câmara de Aveiro assinado o contrato sob coacção? Terá sido enganada?

Alberto Souto poderá responder afirmativamente. Tem o direito de o fazer. Mas sabe que está a utilizar os serviços e que mais dia menos dia, provavelmente menos dia, um dia em que se calhar já não estará na Câmara, alguém vai ter que pagar. Quem? Os contribuintes, é claro. Como sempre.

A questão que se levanta é a de saber se as contas da Câmara de Aveiro, como as de qualquer empresa sadia, bem gerida e em que se prestam contas aos accionistas, estão neste momento a reflectir o valor das provisões necessárias para fazer face a esta dívida? É que senão as contas municipais não correspondem à realidade da situação financeira da autarquia.

Evidentemente que esta situação também pode estar relacionada com a célebre redução do passivo…exigível amanhã. Mas a isto chama-se má gestão Nem sempre uma boa manobra de tesouraria é uma boa decisão de gestão. Bem sei que o ano é aziago. Lá para Outubro há votinhos para contar e há que disfarçar o mais que se puder para o mais longe no tempo que se puder.

Mas certamente pela mesma razão o endividamento das autarquias triplicou no primeiro semestre deste ano. Não será com toda a certeza um acaso financeiro. Ou seja: enquanto o Governo sujeita o país a uma seca de dinheiro para o gasto, as autarquias gastam à tripa forra para as eleições. E assim Portugal vai tendo cada vez menos saída. A não ser continuar a viver no fingimento. Que um dia será impossível manter. Veremos então as autarquias e o Estado recorrer aos programas de socorro às famílias falidas.

(publicado na edição do Diário de Aveiro de 26.08.2005)

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