segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Nem O Pai Janta Nem A Gente Almoça

Os pomposos Presidentes das Áreas Metropolitanas de Aveiro e de Viseu, ambos do PSD, queixam-se que as Áreas Metropolitanas a que presidem, criadas sob os auspícios do Governo PSD, existem mas não mandam.

E queixam-se de outro facto verdadeiramente sobrenatural: têm dinheiro. Nos tempos que correm alguém queixar-se de que o Estado cumpre, transferindo religiosamente as verbas a que está, bem ou mal, agora não se discute, obrigado, devia ser proibido.

É pensar nos variadíssimos fornecedores a quem o Estado não paga durante meses a fio, pondo em causa o seu próprio bom nome, a sua credibilidade e também a solvência de empresas e de empregos que trabalham honestamente e só recebem aquilo a que têm direito três ou quatro contabilistas depois.

E quais são as objecções dos também presidentes de Câmara do PSD? Basicamente duas: que o ministro não lhes passa cartão, tendo-os remetido para um secretário de Estado e que o programa do Governo é hostil ao associativismo municipal. Sendo de prever que o ministro não mudará tão depressa e que o programa do Governo, bom ou mau, é o que resulta dos votinhos de Fevereiro, resta uma solução. Senhores Presidentes: já vos ocorreu devolver o dinheirinho se acham que não podem fazer nada com ele? Se não o querem fazer, apliquem-no, mas por amor de Deus, não se lamuriem.

Sejamos práticos: estas Áreas Metropolitanas não passam de mais uma escadaria pública para desfile, à custa do contribuinte, de vaidades já demasiado pequenas para se manterem acantonadas nessa micro-unidade administrativa que é o ancestral concelho.

Sabemos agora que além disso, servem para armazenar fundos públicos sem qualquer utilidade e aplicação. Um crime financeiro nos tempos de aperto que correm. É a típica gestão de bloco central, cujo lema é: não fomos nós que fizemos portanto não deixamos ninguém brincar! E, rotativamente, todos se queixam à vez de desconsideração e abandono.

Ribau Esteves e Álvaro Amaro devem ser por hoje os dois únicos portugueses que não sabem o que fazer ao dinheiro. Quando se quer faz-se. A não ser que se queira fazer de conta que não se pode para imputar as culpas ao vizinho do lado.

(publicado na edição do Diário de Aveiro de 27.07.2005)

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