Aveiro tem vivido nos últimos meses com um vereador municipal à Beira-Mar plantado. A história é conhecida: um vereador do CDS na coligação que governa a Câmara tem acumulado as suas funções municipais com as de dirigente de um clube de futebol, o qual, por mero acaso tem um conhecidíssimo contencioso financeiro com a autarquia e que para o thriller ficar completo, diga-se, é presidido pelo seu pai! Desde já faço uma prevenção. Não me interessa o nome do vereador nem o nome do clube. Apenas me interessa analisar a situação e os princípios de conduta pública que se devem observar nestas situações. Partindo do princípio que Portugal, apesar da pouca vergonha que campeia por aí, ainda não será propriamente um qualquer regime africano ou latinoamericano…
Um dos fenómenos da sociedade portuguesa que retira mais transparência à democracia é a promiscuidade. De cargos, de funções, de decisões, de influências e de interesses. Na ânsia do poder, das decisões favoráveis, da pura satisfação de interesses da mais diversa ordem, que não de ordem pública, há quem não hesite em misturar e contaminar o interesse público com interesses que, mesmo que legítimos, não podem nem devem ser confundidos entre si e, sobretudo na mesma pessoa.
Autarquias e futebol é uma mistura explosiva. Autarquias e sociedades anónimas desportivas é um caldinho que não cheira bem em lado nenhum. Assim como está na moda chamar juízes para exercer funções que nada têm a ver com a sua missão, assim também está na moda, de resto há muitos anos, ver autarcas como dirigentes de clubes desportivos.
Agora, o autarca decidiu deixar o clube, precisamente no momento quentinho em que as negociações para resolver o contencioso financeiro estão no ponto de rebuçado. É, pois, legítimo exigir um esclarecimento do Presidente da Câmara sobre esta situação. Por que razão o dito vereador só agora sai do clube? Que influências moveu? Que soluções para o diferendo garantiu, se é que garantiu? E o Presidente da Câmara está confortável nesta peça de mau espectáculo que devia ser interdito a todas as idades? Fez alguma coisa para tirar o espectáculo de cena? E, em caso afirmativo, fez concretamente o quê?
Por mim, digo: é assim, excelentíssimos cidadãos, que se desprestigia o poder e a política. É assim que se geram as suspeitas sobre os políticos e a política. É assim que os eleitores passam a encarar a possibilidade de “serem todos iguais” e de “nem lá vou, para quê?”, no dia do voto. É assim que, quem tem a responsabilidade cívica e política de dar o exemplo dá o mau exemplo.
Esta coligação PSD/CDS/PEM começa a ser um cardápio de má conduta política. E ainda nem um ano passou sobre a eleição. Muito melhor andaria o vereador em causa, se em vez de se preocupar com outras coisas tivesse tido a competência de organizar uma feira do livro à altura dos pergaminhos da cidade. Talvez para o ano, liberto que certamente estará então de outras preocupações.
Um dos fenómenos da sociedade portuguesa que retira mais transparência à democracia é a promiscuidade. De cargos, de funções, de decisões, de influências e de interesses. Na ânsia do poder, das decisões favoráveis, da pura satisfação de interesses da mais diversa ordem, que não de ordem pública, há quem não hesite em misturar e contaminar o interesse público com interesses que, mesmo que legítimos, não podem nem devem ser confundidos entre si e, sobretudo na mesma pessoa.
Autarquias e futebol é uma mistura explosiva. Autarquias e sociedades anónimas desportivas é um caldinho que não cheira bem em lado nenhum. Assim como está na moda chamar juízes para exercer funções que nada têm a ver com a sua missão, assim também está na moda, de resto há muitos anos, ver autarcas como dirigentes de clubes desportivos.
Agora, o autarca decidiu deixar o clube, precisamente no momento quentinho em que as negociações para resolver o contencioso financeiro estão no ponto de rebuçado. É, pois, legítimo exigir um esclarecimento do Presidente da Câmara sobre esta situação. Por que razão o dito vereador só agora sai do clube? Que influências moveu? Que soluções para o diferendo garantiu, se é que garantiu? E o Presidente da Câmara está confortável nesta peça de mau espectáculo que devia ser interdito a todas as idades? Fez alguma coisa para tirar o espectáculo de cena? E, em caso afirmativo, fez concretamente o quê?
Por mim, digo: é assim, excelentíssimos cidadãos, que se desprestigia o poder e a política. É assim que se geram as suspeitas sobre os políticos e a política. É assim que os eleitores passam a encarar a possibilidade de “serem todos iguais” e de “nem lá vou, para quê?”, no dia do voto. É assim que, quem tem a responsabilidade cívica e política de dar o exemplo dá o mau exemplo.
Esta coligação PSD/CDS/PEM começa a ser um cardápio de má conduta política. E ainda nem um ano passou sobre a eleição. Muito melhor andaria o vereador em causa, se em vez de se preocupar com outras coisas tivesse tido a competência de organizar uma feira do livro à altura dos pergaminhos da cidade. Talvez para o ano, liberto que certamente estará então de outras preocupações.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
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