terça-feira, fevereiro 07, 2006

Os Alcatruzes Da Nora


O João Oliveira decidiu aqui há dias responder no seu blogue pessoal a um artigo de opinião que escrevi no Diário de Aveiro. E fê-lo em três dimensões.

Com ataques pessoais de ordem psicanalítica, nível ao qual, certamente para desespero de muita gente e quiçá, dele próprio, eu não descerei. As palavras ficam com quem as profere. O único comentário que faço a este respeito é que apesar de tudo esperava melhor dele. Mas enganos destes todos temos na vida.

Com confusão de estatutos não assumida. Claro que o João tem todo o direito de ser assessor de imprensa da Camara Municipal de Aveiro e ter um blogue onde manifesta opiniões pessoais. O problema insolúvel que ele pelos vistos não entende é que o facto de o ser não lhe retira o direito, mas contamina-lhe irreversivelmente a independencia da opinião. Que passa, assim, a valer o que vale, isto é, vale pela óbvia necessidade de defender quem, por nele ter CONFIANÇA, lhe cometeu, de resto legitimamente, a função. Mais uma vez problema dele.

Finalmente, com alguns, embora poucos argumentos. Quanto ao que entendo que é relevante responder aqui vai.

1º Diz ele que as nomeações estão ela por ela. Isto é, repartidas entre o PSD e o CDS. Pois agradeço-lhe a confirmação da minha tese, que é a de que o CDS rapa mais tacho do que a representatividade interna da coligação justificaria face ao seu parceiro. Ao contrário do que julga, caro João, eu sei por que é que isso acontece, mas já é assunto que não me interressa. Obrigado, João. Quanto ao "PEM" o João nem percebeu, no afã assessoral, que no contexto a referência até era positiva.

2º Tudo o que o João "rebate" em relação ao que eu escrevi da entrevista de Raul Martins não belisca uma única palavra. E que mantenho. Ao contrário de um assessor de imprensa da Camara, que se dá ao luxo de eleger o melhor porta-voz do PS para falar da actual Camara, já eu prefiro que o assunto não me diga respeito. O PS que fale pela voz de quem quiser. Essas cumplicidades entre a coligação (já pode o João falar por ela?!...) e uma ala do PS, são assunto em que decidamente não sou especialista nem quero meter-me.

3º Quanto ao facto de a coligação ter programa fico esclarecido. Pronto, a coligação tem programa, diz o João. O problema é que não parece. E se calhar apesar de haver texto com esse nome, concedo, talvez já o tenham esquecido, se atentarmos nas declarações últimas do Presidente, por causa da dívida que teve de ser o PS a pedir para auditar. Ou terá sido já combinação política cúmplice?

4º Pagar as dívidas: eis uma coisa que ninguém põe em causa. Se os eleitores memorizaram essa medida, pois fico então contente. Sabe por acaso se memorizaram mais alguma?

5º Numa coisa o João está ENGANADO (sabe que às vezes quem está mais longe sabe mais do quem julga estar perto...): na audiência que simpaticamente concedeu à Nova Democracia o Dr. Élio Maia não nos explicou o programa. Falámos de alguns assuntos e com a habilidade política que lhe reconheço fugiu sempre às respostas objectivas, que são as que comprometem. Mas como para mim não vale tudo e repito, há limites que respeito, e o Dr. Élio Maia sabe-o, o João, se está curioso a esse respeito, que se informe junto do Presidente. Felizmente havia mais pessoas presentes.

6º Fico contente de saber que o Executivo está confiante no futuro. Mal seria.

7º Espero que não leve a mal esta resposta a um texto seu, certamente resultante do pesado encargo que tem aos ombros. Como vê, não é uma resposta à letra. Julgo que há que dar um certo desconto à sua emotividade, até porque nos tempos que correm é a si e não a mim que compete preocupar-se com o CDS. E agradeço-lhe a sua preocupação com a minha reputação. Mas acredite que a minha preocupação com a sua, dadas as funções que decidiu exercer, é superior.

8º Uma última palavra sobre Élio Maia. Respeito-o, tenho simpatia pessoal por ele e enalteci no próprio dia o que revela de convicção democrática ter recebido a Nova Democracia em audiência. Reafirmo-o, se com isso puder aliviar um pouco o seu stress funcional. O resto é política. E continuará a ser. São os alcatruzes da nora.

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