sexta-feira, fevereiro 10, 2006

O Referendo Sobre O Mário Duarte (2)

A Nova Democracia tem vindo a propor a realização de um referendo local sobre o destino do Estádio Mário Duarte em Aveiro. E tem-no feito por considerar que devem ser os aveirenses a decidir sobre o que fazer com aquele espaço nobre da cidade.

Com a construção do novo Estádio para o Euro 2004 tornou-se óbvio que não faz sentido ter e manter dois estádios, desde logo pela despesa que isso implica. A questão que se coloca é então: o que fazer com o velho Estádio?

A solução autárquica tradicional para qualquer problema de equipamento/território é urbanizar. Desde logo porque é na urbanização que as autarquias vêem uma tentadora fonte de receitas. Mais a mais num concelho em que a dívida é o que se sabe, ou melhor dizendo, é tão grande que nem se sabe, aguardando-se que uma auditoria externa e independente venha a dizer quanto é.

Foi esta a solução encontrada pelo anterior executivo municipal. Esta solução permitiu, ao que parece, aliás, um adiantamento de dinheiro significativo à autarquia. Seria curioso saber quanto foi, o que foi feito dele, em que é que foi utilizado e com que benefícios para a comunidade. Talvez um dia.

Entretanto, o Conselho de Ministros acaba de ratificar, por Resolução do Conselho de Ministros, o Plano de Pormenor respectivo.

Ora, convém começar por desfazer uma dúvida. Nada do que está decidido é irreversível, como de resto o Presidente da Câmara já declarou. A Câmara Municipal de Aveiro conserva ainda o poder de voltar atrás na decisão que está tomada. Importa naturalmemte conhecer os custos e as responsabilidades que para o município daí advirão. Seria, pois, da maior utilidade que a Câmara Municipal de Aveiro começasse por aqui. Que explicasse claramente o que está feito, o que está pago, em que é que foi gasto, quanto custa recuar e, sobretudo, qual é a vontade política do executivo camarário a este respeito.

Temos presente que em entrevista dada ao Diário de Aveiro após as eleições, Élio Maia afirmou que em relação ao Mário Duarte que “temos o desejo profundo de ver se ainda é possível, respeitando os compromissos e o enquadramento legal, manter o velhinho estádio. É um património desportivo e histórico e faremos o possível para o salvaguardar.Pergunta: Travar esse empreendimento representa uma perda de receitas de muitos milhões de euros... Resposta:É verdade, mas há patrimónios de uma comunidade que valem muito mais. Há uma memória muito grande que urge preservar. Por outro lado, essa zona deve fazer parte de um corredor verde fundamental desde a Baixa de Santo António até Santiago, passando pelo parque municipal”.

Também temos presente que no seu programa eleitoral Élio Maia prometeu dar mais importância à participação dos cidadãos nas decisões. Ora, que mais nobre forma de participação existe do que colocar nas mãos dos cidadãos o destino a dar ao velhinho Estádio Mário Duarte?
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

2 comentários:

Nuno Q. Martins disse...

Depois de ler o seu artigo fiquei confuso.

Assume que não faz sentido ter e manter dois estádios. Tomo esse dado como adquirido.

Então, quais são as soluções possíveis de referendar?

Migas (miguel araújo) disse...

Caríssimo
Há algo de contraditório neste "postal".
Se a permissa (do meu ponto de vista correcta) de que não faz qualquer sentido manter e existirem dois estádios, para quê o referendo?!
Para se dizer que se deve manter o Mário Duarte?!!!
Isso significaria aceitar à partida a eventualidade da CMA ter os dois estádios. E mesmo que prescindisse de um em favor do Beira Mar, para quê ter dois estádios de futebol na cidade?!
Vamos 'destruir' o novo?!!!
É evidente que, como é dito, nada é irreversível.
Os custos da irreversibilidade é que não fazem qualquer sentido e são, claramente, irracionais.
Quando o Dr. Élio se manifestou a favor de manter aquela infraestrutura, penso que (opinião pessoal após leitura de alguma informação veínculada) ainda eram desconhecidos os pormenores e envolvimentos finaceiros e contratuais que já tinham sido realizados, dos quais a última referência é a da aprovação do plano de pormenor.
Por último, uma contestação de um possível "erro de facto": à semelhança de Lisboa com o estádio da luz e de alvalade - coimbra com o estádio municipal - braga com o novo estádio - Porto com as antas, não me recordo de qualquer movimento significativo e relevante de oposição à construção do novo estádio que implicaria, com conhecimento geral em aveiro, da anulação do estádio mário duarte.
Quanto ao plano de pormenor para aquela zona, dada a construção já existente paredes-meias com o "velhinho", é-me de difícil percepção do prolongamento do parque até santiago. Acho que terminaria mesmo ali. No entanto, depende do plano urbanístico e da sua arquitectura o enqaudramento das construções com o Parque da Cidade.
Abraço